Depoimento: SIM A MATERNIDADE

Direito `a vida

Meu nome é Fernanda, moro nos USA há quase 10 anos, foi em uma viagem em 2001 que eu conheci meu marido, eu paulista, ele catarinense, duas vidas unidas fora do país de origem.

Vivo um grande amor! O dia do casamento, tudo foi muito lindo, a realização de um sonho, consagramos o matrimônio a DEUS e, sempre vivemos esse amor que brota do Senhor.
Mas faltava o fruto desse amor, e por muito tempo esperamos. E após 4 anos, o milagre da vida se realizou em mim...

Tive uma gravidez maravilhosa, um parto um pouco traumático, mas quando iniciava meu pré natal, a parteira me perguntou se essa gravidez era de minha livre e espontânea vontade e eu disse que sim, e não quis nem entrar no assunto.
Aqui nos USA a gente tem filhos com parteiras ( Midwife ) pelo método natural, somente tem filhos com ginecologista, se tem algum problema de saúde ou gravidez de risco.

As semanas se passaram e novos exames eram agendados, `a serem realizados, não sei se no Brasil existe esse “exame”, a parteira me explicou que é um exame muito simples faz parte do pré-natal, se trata de fazer um teste no feto para saber se tem alguma anomalia, problema mental, ou síndrome de down, e se ocorrer do feto não ser saudável você pode interromper a gravidez imediatamente. É um exame com seguro de 99.9%. Na hora eu me recusei em fazer, mas cheguei em casa e fiquei muito triste, angustiada, (porque mulher grávida, parece que tem o canal da lagrima solto chora muito). Só imaginava, quantas gravidezes foram interrompidas por esse exame, e o 0.01%, da margem de erro??? E dessa forma que a vida é tratada.??? “Um exame muito simples”, com o avanço da medicina a vida foi banalizada!!!
Muitas pessoas costumam dizer que um filho com deficiência, é um peso e trazer para o mundo só para sofrer e dar trabalho para os pais.
Apos chorar muito olhei para meu marido e disse:

_Não vou fazer esse exame, e o que DEUS mandar para nós, iremos cuidar, e amar com todo carinho do mundo.
E levei minha tão sonhada gravidez ate o fim, estava tão bom grávida tinha tantos privilégios, todo mundo da o lugar para sentar, o marido cobre de carinhos e satisfaz todos os desejos, não aqueles de comer, porque falo que isso é pensamento de gorda.
Meu parto foi uma triste experiência, pois eu sonhava com um parto natural, eu sabia que eu poderia, e eu lutei com todas as minhas forças, induzi por 3 dias, e tive que ser levada para uma cesariana de emergência, pois não tive dilatação e, me deu febre, nesse caso, pode dar infecção no bebe. Apos todo esforço que tive, ter que entrar no centro cirúrgico, foi muito traumático. Como não estava preparada foi tudo muito difícil, minha anestesia, não pegou e senti toda dor desde do corte, até tirar o bebe e costurar minha barriga, eu gemia e chorava de dor, acho que ate gritei pois foi insuportável, meu marido foi obrigado a deixar a sala, ai totalmente sozinha e, com medo pedi DEUS não me abandone, pega na minha mão. E segurando nas mãos de DEUS, o Lucas nasceu.
Algo muito grande acontecia naquele momento, quando peguei ele no colo eu pensava, filho à alguns minutos atrás eu nunca tinha contemplado seu rosto, não te conhecia, como eu te amo, e naquele momento comecei amamentá-lo, e ele começou a sugar o leite materno. Eu pensei, é realmente um milagre, ele por si já teve seu primeiro aprendizado, o de se alimentar. Aquele dia no hospital não vou esquecer nunca, no momento que estou escrevendo a lembrança é muito forte que consigo lembrar do cheirinho de um recem nascido.
Os meses se passaram e o Lucas sempre muito sozinho, não tinha ninguém para brincar, quando vinha uma amiga em casa com criança, a criança nunca brincava com o Lucas, apenas com os brinquedos dele, mas essa situação me entristecia muito.
Foi quando resolvi ter meu segundo filho, o Lucas tinha apenas 6 meses, e muitas pessoas foram contra, e me diziam: Que era muito cedo, que uma gravidez em cima da outra é muito risco. Mas eu queria, e quando o Lucas estava com 8 meses eu estava novamente gravida, quando ele completou 1 ano e meio seu irmão Raphael nasceu, foi uma gravidez muito difícil e complicada, tive eclampsia, sofri muito. Mas valeu a pena, não fiz novamente o “simples exame” eu esperei no SENHOR.
E quando o Lucas completou 1ano e 8meses foi diagnosticado com autismo. E seu irmão Raphael foi diagnosticado mais cedo ainda, com 1ano e 6 meses.

Preocupo-me muito com eles, protego o máximo que posso, porque não sei o que o futuro nos revela, mas hoje eu faço tudo que esta em minhas mãos, terapias diárias, escola especial, e fonoaudióloga para os 2 e no que eu mais confio é em nossas orações. Eu acredito que com a ajuda de DEUS eu vou ajudar meus filhos a superar todas as suas deficiências.  E também que um dia eles serão motivo de inspiração para muitas pessoas.
Hoje o Lucas tem 3 anos e meio, está começando com muita dificuldade, falar algumas palavrinha. O Raphael somente faz sons, ele completou 2 anos no dia 19 de março.

Ser mãe de crianças especiais é maravilhoso, não é um peso, não é muito trabalho, é dedicação, é prova de amor, é união do casal. É se alegrar com pequenas coisas, com pequenos progressos é viver a maternidade e a paternidade da forma mais simples que possa existir.
Eu nunca ouvi um mamãe, nunca fui chamada de mãe, mas o dia em que eles conseguirem falar mãe, será melhor do que ganhar na loteria. Eu confio que eles vão progredir, eu sonho em um dia eles serem adultos independentes, e com muito amor, e muita ajuda profissional, eles estão superando suas dificuldades. Porque, para nós tudo é muito novo, eu e meu marido não sabíamos nada sobre essa condição, estamos aprendendo tudo para poder ajudá-los.
Eu costumo contar uma historinha para eles de como eles nasceram, digo:

"-Era uma vez o papai e a mamãe, que pedia todos os dia para o JESUS, que queríamos um anjinho para a gente, e JESUS atendeu nosso pedido.
Olhou lá no céu e falou para todos os anjinhos que estavam brincando, quem quer ser filho da FERNANDA e do VLADIMIR? Ai um anjinho tímido levantou o dedinho, ai JESUS colocou o anjinho na barriga da mãe e a barriga da mãe cresceu, cresceu, quando não cabia mais a mãe foi lá no hospital e o medico cortou a barriga da mãe e deu o Lucas para mim.
Passou um tempo e o Lucas estava triste não tinha com quem brincar, ai a mae pediu para JESUS um outro anjinho que fosse amiguinho do Lucas ai JESUS colocou o Raphael (anjo bom da cura) na barriga da mãe e a barriga da mãe começou a crescer, e crescer, e a mãe foi no hospital, e o medico cortou a barriga da mãe e deu outro anjinho o Raphinha para nos e vivemos felizes para sempre.
Quando eu conto essa historia inocente para eles eu fico imaginando as cenas, e no dia que tive o diagnostico de autismo deles eu imaginei JESUS falando comigo:
_Quando JESUS perguntava para os anjinhos quem queriam descer, todos anjinhos normais, eram mais rápidos, mais desenvolvidos, sempre passavam na frente. E no momento que algum anjinho com necessidades especiais tentavan descer os pais se recusavam em recebê-los, queriam ter certeza de que os anjinhos encomendados não viriam com “defeitos”.
E quando JESUS falou comigo eu disse:
-SENHOR manda aqueles anjinhos que querem ser amados, e que as pessoas estão recusando, pois eu quero esses. Eu preciso mais deles do que eles de mim, porque eu tenho um coração muito grande para amá-los e protegê-los. Eu não vou LHE decepcionar, vou criar para o SENHOR não para o mundo. Confie em mim....
Eu consigo recriar as cenas na minha mente, e imagino Jesus falando comigo:
Se eu tenho certeza da minha escolha, porque esse anjinho ira vir com varias dificuldades. Mas o sentimento de amor e proteção é maior dentro de mim. A única coisa que eu respondo é; Senhor envia para mim esse anjinho que ninguém quer, esse que todos estão rejeitando. É esse mesmo que eu quero. Apenas esteja em todos os momentos comigo.
E é isso que estou fazendo, eu sou uma pessoa muito criticada, porque não fui criada para ser dona de casa, fui criada e educada para ser uma mulher do mercado de trabalho. As pessoas, dizem que eu tenho que fazer algo por mim, porque as crianças um dia vão crescer e vão me abandonar, ai o tempo passou e eu não fiz nada por mim. Mas eles não sabem de nada, porque eu me realizei como mulher, como mãe, e como esposa.
Essa é minha vocação, faço com amor, e com toda paixão que existe em mim.
Que essas palavras possam tocar as mulheres, que pensem que os filhos nos impedem de fazer alguma coisa, ou que a gravidez é fora de hora, ou que o pai não ira assumir ou que ter um filho especial é um peso.
NAO!!!
Faça a experiência de ser mãe, é um dom, é uma graça, ser mãe de 2 filhos especiais é ser MAE especial.
Vamos juntos dizer sim à vida, não a legalização do aborto pois as escolhas feitas na adolescência ou mesmo na fase adulta terão conseqüências para a vida inteira.
Um grande abraço e que DEUS abençoe todos vocês e abençoe também a minha pequena família.

Fernanda Correa da Silva Rocha

Email: fernandamika@hotmail.com